ERM: Gerenciamento de Riscos Corporativos 360º

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Olha só, quando a gente fala em Gerenciamento de Riscos Corporativos 360º, ou simplesmente ERM 360º (Enterprise Risk Management), a primeira coisa que precisa ficar clara é que estamos lidando com um conceito relativamente novo na história dos negócios, mas que carrega raízes bem profundas, tanto no Brasil quanto no mundo. E é curioso perceber como essa ideia evoluiu: de algo meio fragmentado, focado só em seguros ou segurança, para uma abordagem super abrangente, quase que como um radar ligado em todas as direções possíveis, entende?

No mundo, o conceito de gerenciamento de riscos começou a se estruturar mesmo depois da Segunda Guerra Mundial. Antes disso, risco era sinônimo basicamente de seguro. Empresas se protegiam contra perdas físicas – incêndios, acidentes, roubo – e pronto. Só que com o tempo, principalmente a partir das décadas de 1960 e 1970, começaram a perceber que existiam outros riscos igualmente perigosos, mas invisíveis, como riscos financeiros, riscos regulatórios, riscos de imagem e por aí vai.

A virada de chave aconteceu mesmo no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, quando grandes escândalos corporativos, tipo o da Enron e da WorldCom nos Estados Unidos, mostraram que não adiantava só focar no operacional. Era preciso ter uma visão ampla, integrada e estratégica dos riscos. E foi justamente nesse contexto que surgiu o famoso COSO ERM Framework, em 2004, desenvolvido pelo Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission. Esse framework veio propondo um modelo estruturado para que as empresas pensassem o risco de forma transversal, ou seja, permeando todas as áreas e atividades. Não era mais só o pessoal da segurança ou da contabilidade cuidando do risco, era todo mundo, em todos os níveis.

E é aí que entra a ideia do 360º, né? Porque a metáfora é muito boa: você precisa olhar para frente, para trás, para os lados e até para cima e para baixo. Nenhuma ameaça pode passar despercebida. Tudo pode impactar a estratégia e os resultados da organização. E mais: os riscos não são só ameaças. Eles também podem trazer oportunidades se forem bem administrados. Olha que mudança de mentalidade interessante!

No Brasil, o conceito chegou um pouco depois, como quase tudo em termos de gestão. Por aqui, o Gerenciamento de Riscos Corporativos começou a ganhar tração de verdade a partir da década de 2000, impulsionado por três grandes fatores: a pressão de multinacionais, as exigências de órgãos reguladores e a adoção voluntária de boas práticas de governança por parte das empresas nacionais.

Primeiro, porque muitas empresas brasileiras tinham relações comerciais ou eram subsidiárias de empresas estrangeiras que já estavam sob a influência do COSO ERM e de outras normas internacionais, como a ISO 31000, publicada em 2009. Essa ISO, aliás, deu um peso enorme ao movimento global de profissionalização da gestão de riscos, porque trouxe princípios e diretrizes mais universais, aceitas por diversos países.

Depois, porque órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central passaram a exigir mais transparência e controle dos riscos, especialmente depois de crises financeiras globais como a de 2008. A CVM 586, de 2017, por exemplo, fala especificamente sobre a necessidade de as companhias abertas apresentarem políticas claras de gerenciamento de riscos.

E, por fim, não dá pra esquecer a influência dos códigos de governança corporativa, como o do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), que bate muito na tecla de que a boa gestão de riscos é um dos pilares da boa administração das empresas.

Então, assim, se a gente for pensar, o conceito de Gerenciamento de Riscos Corporativos 360º no Brasil não nasceu aqui exatamente, mas foi abraçado e adaptado à nossa realidade de forma até bastante rápida. As empresas começaram a perceber que, em um ambiente de negócios tão volátil e imprevisível como o nosso – com crises políticas, econômicas, regulatórias a todo momento –, ter uma gestão de riscos robusta e integrada era questão de sobrevivência.

Uma coisa legal de notar é que, no Brasil, o conceito de 360º ganhou contornos muito próprios. A gente começou a falar não só dos riscos tradicionais – tipo mercado, crédito, compliance – mas também de riscos bem brasileiros, como risco político, risco tributário super complexo, riscos socioambientais enormes por causa da nossa biodiversidade, e agora, mais recentemente, riscos cibernéticos com a entrada da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Quer dizer, o risco virou um tema transversal mesmo, fazendo parte do planejamento estratégico, da tomada de decisão, da cultura organizacional. Muitas empresas hoje têm comitês de riscos independentes, diretorias específicas de gestão de riscos e até conselheiros focados nisso. Sem falar no papel crescente dos auditores internos e dos compliance officers, que acabam trabalhando lado a lado na identificação, avaliação e mitigação dos riscos.

Outra característica interessante é como o ERM 360º está se conectando cada vez mais com a gestão de crises e com a resiliência organizacional. Não basta mais identificar os riscos e colocar medidas preventivas. As empresas precisam estar preparadas para responder rapidamente quando – e não se – um risco se concretizar. Olha só como o mundo mudou, né?

E a tecnologia, claro, também entrou forte nessa jogada. Hoje em dia, existem sistemas de GRC (Governança, Riscos e Compliance) super sofisticados que ajudam a mapear, monitorar e reportar riscos em tempo real, usando big data, inteligência artificial e machine learning. Isso está transformando a gestão de riscos de uma atividade reativa para algo muito mais proativo e preditivo.

Resumindo aqui, o Gerenciamento de Riscos Corporativos 360º é fruto de uma evolução histórica que misturou necessidade, crise e inovação, tanto no mundo quanto no Brasil. E, embora a origem conceitual tenha sido lá fora, principalmente nos EUA, a prática foi rapidamente tropicalizada, ganhando nosso jeitinho brasileiro de lidar com a complexidade e a incerteza.

No fim das contas, o ERM 360º é muito mais do que uma moda corporativa. É uma resposta necessária a um mundo cada vez mais imprevisível, onde prever e preparar virou mais importante do que simplesmente reagir. É como diz aquele velho ditado: “Quem espera o inesperado nunca é pego de surpresa.” E no mundo dos negócios, estar preparado pode ser a diferença entre sobreviver e desaparecer, não é verdade?

 

Como identificar riscos corporativos na prática no dia a dia da empresa?

O primeiro passo prático é criar canais abertos para a comunicação de riscos. Funcionários que estão diretamente envolvidos com os processos operacionais são os primeiros a perceber quando algo não está funcionando bem ou pode apresentar falhas. Por isso, incentivar a cultura do reporte de risco é fundamental. Isso pode ser feito com ferramentas simples como formulários digitais, caixas de sugestões anônimas, grupos de discussão ou reuniões rápidas diárias onde os times compartilham seus principais pontos de atenção.

Além disso, é essencial que os gestores e profissionais da área de riscos realizem visitas de campo frequentes. Estar fisicamente presente nos locais onde os processos acontecem permite perceber situações de risco que dificilmente aparecem nos relatórios. Excesso de retrabalho, ausência de checklists, máquinas com manutenção atrasada, estoques desorganizados, atrasos frequentes em entregas, mudanças repentinas nos fluxos de atendimento ou comportamento anormal de sistemas — tudo isso são indícios práticos de que pode haver um risco escondido. A observação atenta é uma ferramenta poderosa.

Uma prática comum e eficiente é a realização de reuniões com diferentes áreas para fazer brainstorming de riscos. Nessas reuniões, os gestores devem usar perguntas provocadoras como “o que pode dar errado nesse processo?”, “e se o fornecedor principal falhar?”, “quais os riscos se o sistema sair do ar?”, “quais atividades dependem diretamente dessa etapa?”. Essas perguntas ajudam a equipe a pensar de forma preventiva, e não apenas corretiva. A ideia é antecipar problemas antes que eles ocorram.

Outra etapa crucial é o mapeamento dos processos. Criar fluxogramas ajuda a visualizar as entradas, transformações e saídas de cada processo. Esse exercício revela os pontos de vulnerabilidade, ou seja, onde pode haver falhas humanas, tecnológicas, operacionais ou de comunicação. Utilizar ferramentas como o SIPOC (Supplier, Input, Process, Output, Customer) também contribui para uma análise estruturada e ampla dos fluxos de trabalho.

Além dos riscos operacionais, é importante identificar riscos estratégicos, financeiros, ambientais, legais, trabalhistas, de reputação e tecnológicos. Isso exige envolvimento de diferentes áreas da empresa. O setor jurídico, por exemplo, pode apontar riscos contratuais e regulatórios; o RH pode identificar riscos ligados à saúde mental, rotatividade, absenteísmo e conflitos internos; o setor financeiro pode detectar riscos de fluxo de caixa, inadimplência e orçamento; e a TI pode alertar sobre riscos de segurança da informação, obsolescência de sistemas ou dependência de fornecedores únicos.

Os dados históricos da empresa também são uma fonte rica para a identificação de riscos. Consultar relatórios de auditoria, registros de incidentes passados, multas recebidas, desvios encontrados em inspeções e reclamações de clientes ajuda a entender onde os riscos já se manifestaram anteriormente. Se já aconteceu uma vez, pode acontecer de novo — e provavelmente em condições semelhantes.

Importante destacar que a identificação de riscos deve ser um processo contínuo. Sempre que houver mudanças relevantes, como aquisição de uma nova tecnologia, mudança de fornecedor, reestruturação de equipes, entrada em um novo mercado ou lançamento de um novo produto, é preciso revisar o inventário de riscos. Essas mudanças alteram o cenário da empresa e, portanto, abrem margem para o surgimento de novos riscos ou intensificação de riscos já existentes.

Para garantir que esse processo de identificação aconteça de forma sistemática, é recomendável estabelecer uma rotina formal. Criar um cronograma de revisões periódicas, como trimestrais ou semestrais, ajuda a manter o processo vivo. Além disso, reuniões de comitês de risco ou comissões interdepartamentais funcionam como fóruns permanentes de discussão sobre o tema.

O uso da tecnologia pode facilitar bastante a vida de quem gerencia riscos. Existem softwares especializados em gestão de riscos, que permitem a catalogação, categorização, análise e acompanhamento dos riscos de forma integrada. Mas mesmo que a empresa ainda não tenha esse tipo de ferramenta, o uso de planilhas bem estruturadas, com campos como “descrição do risco”, “área responsável”, “possível impacto”, “frequência estimada”, “ações preventivas” e “status de controle” já proporciona uma visão organizada e útil para o dia a dia.

Um ponto muitas vezes ignorado, mas que faz toda a diferença na prática, é a linguagem utilizada. Evite termos técnicos demais ou jargões complexos. Um risco identificado deve estar escrito de forma clara, direta e compreensível para qualquer colaborador da empresa. Isso facilita o engajamento das equipes e a compreensão do problema.

Outro aspecto fundamental da prática é o alinhamento com a estratégia do negócio. Os riscos mais relevantes são aqueles que impactam diretamente os objetivos estratégicos da empresa. Por isso, é importante que o processo de identificação de riscos esteja conectado com os indicadores de desempenho, metas e planejamento estratégico da organização. Um risco que compromete um indicador-chave de resultado (KPI) é um risco que precisa de atenção especial.

Por fim, é necessário documentar tudo. Um inventário de riscos bem elaborado é a base para os próximos passos do gerenciamento: a análise, a priorização, o tratamento e o monitoramento. Sem uma boa base de identificação, os demais passos ficam comprometidos. Esse inventário deve ser acessível, atualizado e revisado constantemente com o envolvimento dos principais stakeholders.

 

Como classificar e priorizar os riscos corporativos de maneira objetiva?

O ponto de partida é utilizar uma ferramenta simples e eficaz: a matriz de riscos. Essa matriz cruza duas variáveis fundamentais — a probabilidade de ocorrência e o impacto caso o risco se concretize. A matriz costuma ser construída em uma tabela com eixos de 1 a 5 (ou de “muito baixo” a “muito alto”) tanto para probabilidade quanto para impacto. O cruzamento desses dois critérios gera uma pontuação ou nível de criticidade, que pode ser categorizado em cores (verde para riscos baixos, amarelo para médios, laranja para altos e vermelho para críticos). Isso facilita a leitura e o direcionamento das ações.

Para tornar esse modelo aplicável no dia a dia, é essencial definir com clareza o que significa, na prática, cada nível de impacto e probabilidade. Por exemplo, um impacto financeiro “alto” pode ser definido como qualquer evento que gere uma perda superior a R$ 500 mil. Um impacto de imagem “alto” pode ser aquele que gera repercussão negativa na mídia ou nas redes sociais. Já a probabilidade “alta” pode ser definida como um risco que já ocorreu nos últimos 12 meses ou que tem chances superiores a 50% de ocorrer novamente segundo a análise dos gestores. Ter critérios práticos, específicos e alinhados com a realidade do negócio é o que transforma uma matriz genérica em uma ferramenta realmente funcional.

No cotidiano das empresas, muitas vezes os dados objetivos são escassos. Por isso, é comum usar a experiência e o julgamento de especialistas da própria organização para apoiar essa classificação. Reunir representantes de diversas áreas para uma sessão de avaliação conjunta permite incorporar diferentes visões sobre o impacto e a probabilidade de cada risco. O setor de produção pode entender melhor o impacto operacional de uma falha técnica, enquanto o setor financeiro pode estimar as perdas monetárias associadas, e o marketing pode avaliar os efeitos sobre a imagem institucional. Essa análise multidisciplinar aumenta a confiabilidade da classificação.

Além da matriz tradicional, algumas empresas utilizam critérios adicionais para refinar ainda mais a priorização. Um exemplo é o grau de detecção — ou seja, a capacidade que a empresa tem de detectar o risco antes que ele se concretize. Um risco de alto impacto, mas facilmente detectável e controlável, pode ser menos prioritário do que um risco moderado que ocorre de forma silenciosa. Outra variável útil é a velocidade de propagação — certos riscos, quando ocorrem, têm efeito cascata em diferentes áreas da empresa, e isso deve ser considerado no processo decisório.

O que diferencia uma empresa madura em gestão de riscos de uma empresa amadora é a capacidade de transformar essa classificação em um plano de ação prático e focado. Riscos classificados como críticos devem ser tratados imediatamente. Isso pode significar suspender atividades, acionar planos de contingência, adquirir seguros ou revisar contratos. Riscos altos devem ter um plano de ação com prazos e responsáveis definidos. Riscos médios precisam de monitoramento constante e ações preventivas em andamento. Riscos baixos devem ser documentados, mas não necessariamente tratados de forma ativa no curto prazo. Essa priorização permite que os recursos sejam alocados de forma inteligente.

No dia a dia, essa priorização também deve estar conectada com a realidade dos departamentos operacionais. Se um risco classificado como crítico exige um investimento imediato em tecnologia ou infraestrutura, mas a área responsável não tem orçamento ou autonomia para agir, então essa priorização perde a eficácia. Por isso, a classificação deve estar alinhada com a alta gestão, que precisa validar e apoiar as ações decorrentes do processo.

Outro aspecto essencial é o registro adequado das informações. Uma planilha bem organizada ou um sistema de gestão de riscos deve conter campos como: descrição do risco, data da identificação, área responsável, causa raiz, impacto, probabilidade, classificação final, plano de resposta e status da ação. Esse histórico é valioso para auditorias internas, para prestação de contas e para revisões periódicas. Ele também ajuda a evitar o retrabalho e a identificar padrões que podem indicar falhas estruturais ou recorrências.

Para tornar o processo ágil e contínuo, é recomendável estabelecer ciclos de revisão. O ideal é que a matriz de riscos seja revisada ao menos trimestralmente, ou sempre que houver mudanças significativas no cenário interno ou externo da empresa. Por exemplo, a entrada em um novo mercado, a assinatura de um contrato relevante ou uma crise regulatória pode alterar significativamente a classificação de certos riscos.

É importante também utilizar indicadores de desempenho ligados à gestão de riscos. Indicadores como número de riscos críticos sem plano de ação, percentual de ações mitigatórias atrasadas ou tempo médio de resposta a incidentes ajudam a acompanhar a eficácia do processo de priorização e resposta. Essas métricas podem ser inseridas em dashboards de gestão, relatórios mensais ou reuniões de comitês executivos.

Outro ponto que facilita a priorização prática é a integração da gestão de riscos com o planejamento estratégico da empresa. Riscos que impactam diretamente as metas e objetivos estratégicos devem ser automaticamente classificados como prioritários. Isso cria um elo entre o risco e o resultado desejado, garantindo que a organização atue de forma coerente e estratégica.

Por fim, é importante destacar que o processo de classificação e priorização de riscos deve ser entendido por todos os envolvidos. Treinamentos simples, workshops com exemplos reais e simulações práticas ajudam os colaboradores a entender o que é um risco crítico, como avaliá-lo corretamente e por que determinadas ações precisam ser feitas com mais urgência do que outras. Isso aumenta o comprometimento com a gestão de riscos e transforma o processo em algo vivo, útil e respeitado.

 

Como implementar controles e respostas eficazes aos riscos identificados?

Uma vez que os riscos tenham sido identificados, classificados e priorizados, o passo seguinte é a implementação de controles e respostas eficazes para cada tipo de risco.

Na prática, o primeiro passo para a resposta ao risco é escolher a estratégia adequada para cada situação. As principais estratégias de resposta são: evitar, reduzir, transferir ou aceitar o risco. Evitar o risco significa eliminar a atividade que o gera. Por exemplo, uma empresa pode decidir não atuar em um determinado país com alto risco político. Reduzir o risco significa manter a atividade, mas implementar controles que minimizem a probabilidade ou o impacto. Por exemplo, instalar sensores de temperatura em servidores para evitar incêndios. Transferir o risco é repassá-lo a terceiros, como por meio de contratos de seguro ou terceirização. E aceitar o risco é reconhecer que ele existe, mas decidir não fazer nada imediato, apenas monitorá-lo.

Cada uma dessas estratégias exige ações específicas. Quando a opção é reduzir o risco, o gestor deve definir controles preventivos e detectivos. Os controles preventivos são aqueles que evitam a ocorrência do risco, como protocolos de segurança, políticas internas, capacitações ou bloqueios automáticos em sistemas. Já os controles detectivos são aqueles que identificam o risco assim que ele começa a se manifestar, como alarmes, auditorias, revisões periódicas ou monitoramento por câmeras. Ambos os tipos de controle devem estar associados a indicadores que permitam sua avaliação constante. Por exemplo, se o controle for um checklist diário, deve-se acompanhar quantos checklists foram realmente realizados e quantas falhas foram detectadas.

É fundamental que os controles estejam integrados ao processo de trabalho da organização. Não adianta criar uma série de controles que exigem registros em sistemas paralelos, que ninguém atualiza ou sequer entende. Os controles precisam ser simples, intuitivos e fazer parte da rotina operacional. Um bom exemplo disso é quando o controle está embutido em sistemas corporativos. Um ERP que bloqueia automaticamente o pagamento a fornecedores sem contrato vigente é um controle muito mais eficiente do que pedir que os colaboradores verifiquem manualmente essa condição. A automação de controles é uma das formas mais eficazes de garantir sua aplicação contínua e confiável.

Outro ponto central é a definição clara de responsáveis. Cada risco deve ter um “dono”, que será o responsável por coordenar as ações de resposta. Esse dono não precisa ser o único executor, mas é quem acompanhará a implementação do controle, atualizará o status, reportará à liderança e tomará providências em caso de falha. Muitas empresas falham nesse aspecto porque distribuem a responsabilidade de forma difusa, o que resulta em ausência de ação. Em paralelo, é importante formalizar os planos de ação com prazos, recursos estimados e critérios de sucesso. Utilizar ferramentas simples como o 5W2H (O quê? Por quê? Quem? Quando? Onde? Como? Quanto?) ajuda a deixar o plano de ação bem estruturado e de fácil execução.

A comunicação eficaz também é peça-chave na implementação dos controles. A área de gestão de riscos deve atuar como facilitadora, comunicando com clareza os objetivos de cada plano, os motivos por trás das ações e o que se espera de cada área envolvida. A linguagem utilizada deve ser acessível, prática e sem jargões excessivamente técnicos. Uma comunicação eficiente ajuda a reduzir resistências e a gerar comprometimento com as ações. Além disso, reuniões rápidas de alinhamento, como “pílulas” de risco semanais, ajudam a manter todos atualizados sobre os riscos relevantes e suas tratativas.

Outro aspecto crítico é o monitoramento dos controles. Não basta apenas implementar uma ação e supor que ela continuará funcionando para sempre. Os controles precisam ser testados periodicamente. Isso pode ser feito por meio de auditorias internas, testes de eficácia ou simulações. Por exemplo, se uma empresa tem um plano de evacuação em caso de incêndio, ela precisa realizar simulações anuais para verificar se os colaboradores sabem o que fazer, se as rotas estão desobstruídas e se os tempos de evacuação estão dentro do esperado. Isso também se aplica a planos de continuidade de negócios ou recuperação de desastres.

O uso de tecnologia é um aliado poderoso nesse contexto. Existem plataformas de gestão de riscos que permitem acompanhar, em tempo real, o status dos controles, os indicadores de desempenho e o andamento dos planos de ação. Essas plataformas também facilitam a notificação de falhas, o agendamento de revisões e a elaboração de relatórios para as lideranças. Mesmo empresas que não têm orçamento para grandes sistemas podem utilizar ferramentas simples como Excel, Trello ou Google Sheets, desde que bem estruturadas.

Também é importante ter um plano de resposta a incidentes já preparado para os riscos mais críticos. Esse plano define as etapas de resposta imediata caso o risco se concretize. Por exemplo, em caso de vazamento de dados, o plano deve indicar quem deve ser acionado, quais sistemas devem ser isolados, quais clientes devem ser notificados e quais órgãos reguladores devem ser informados. Ter esses passos definidos com antecedência evita o pânico e a improvisação, reduzindo significativamente os impactos negativos.

Um ponto muitas vezes negligenciado pelas empresas é o aprendizado com os erros. Sempre que um risco se concretizar, deve-se realizar uma análise de causa raiz, preferencialmente com o método 5 Porquês, Ishikawa ou Diagrama de Causa e Efeito. O objetivo não é punir, mas entender o que falhou e como evitar a repetição. Esse conhecimento deve ser documentado e compartilhado, incorporando-se ao banco de lições aprendidas da empresa.

Por fim, vale destacar que o sucesso da implementação de controles depende muito da cultura organizacional. Empresas com cultura de responsabilidade, transparência e foco em resultados tendem a implementar controles com mais eficácia. Por outro lado, empresas onde reina o medo de punição, a omissão ou o “jeitinho” acabam sabotando os próprios processos de controle. Por isso, é papel da liderança reforçar constantemente que o objetivo da gestão de riscos é proteger a organização e garantir a continuidade do negócio.

 

Como integrar a gestão de riscos aos processos e decisões da empresa?

Aqui, o ponto de partida é tratar a gestão de riscos como uma competência organizacional, e não apenas como uma atribuição da área de compliance ou de controles internos. Toda a empresa precisa entender que riscos fazem parte do negócio e que cabe a cada área conhecê-los, preveni-los e tratá-los. Para isso, a primeira ação prática é incluir a análise de riscos nas etapas de planejamento de processos, projetos e decisões. Isso significa que, sempre que um novo processo for desenhado, um projeto for iniciado ou uma decisão estratégica for tomada, a pergunta “Quais os riscos envolvidos?” deve ser obrigatória.

Por exemplo, ao lançar um novo produto, a equipe de marketing precisa mapear os riscos associados à aceitação do público, ao fornecimento de matéria-prima, às normas regulatórias e à reputação da marca. Da mesma forma, uma decisão de abrir uma nova filial deve passar por análise dos riscos financeiros, operacionais, logísticos e legais daquele território. Isso exige que cada gestor de área tenha familiaridade com ferramentas básicas de análise de risco, como matriz de risco, análise SWOT orientada ao risco, e técnicas como brainstorming, entrevistas e análise de cenários.

Outro ponto fundamental é inserir indicadores de risco (KRIs – Key Risk Indicators) nos painéis de gestão (dashboards) das áreas. Assim como se mede faturamento, produtividade e satisfação do cliente, é necessário monitorar indicadores que revelem o aumento da exposição ao risco. Por exemplo, um aumento anormal no número de pedidos de manutenção corretiva em uma fábrica pode indicar risco crescente de falha operacional. Um crescimento elevado no turnover da equipe de atendimento pode sinalizar risco de queda de qualidade no serviço. Ao inserir esses indicadores nos relatórios periódicos das áreas, a gestão de riscos se torna parte do monitoramento cotidiano.

A integração com os processos também exige mapear os riscos associados a cada etapa operacional. Um processo de compras, por exemplo, deve prever riscos como fraudes, seleção inadequada de fornecedores, recebimento de produtos com qualidade inferior, atrasos ou descumprimentos contratuais. Para cada risco, o processo deve conter um controle específico: checklist de homologação de fornecedores, cláusulas contratuais de penalidade, análise técnica do material recebido e monitoramento de entregas. Esses controles não devem ser opcionais, mas sim embutidos no próprio fluxo de trabalho. Sistemas ERP, BPM (Business Process Management) e outras ferramentas digitais podem automatizar esses controles, assegurando que eles sejam aplicados de forma padronizada.

Na prática, também é importante associar o tema risco à cultura de tomada de decisão. Isso significa que, em qualquer nível hierárquico, o gestor deve ser capaz de considerar os riscos como parte do processo decisório. Por exemplo, um gerente de TI, ao decidir atualizar o sistema de firewall da empresa, deve avaliar o risco de indisponibilidade temporária, o impacto em serviços críticos, e o risco de falha na migração. Da mesma forma, uma gestora de RH, ao implementar uma nova política de jornada híbrida, deve avaliar os riscos de produtividade, integração da equipe, segurança da informação e ergonomia. Essa capacidade de incorporar o pensamento de risco ao processo decisório deve ser treinada, estimulada e reforçada pela liderança.

A formalização dessa integração pode ocorrer por meio de políticas e procedimentos claros. Cada área da empresa deve ter diretrizes sobre como considerar riscos nas suas operações. Isso pode ser feito, por exemplo, por meio da inclusão obrigatória de uma seção de avaliação de riscos nos projetos, nos formulários de aprovação de compras ou nas análises de viabilidade. O simples ato de registrar os principais riscos e ações mitigadoras em qualquer proposta formal ajuda a difundir a prática e cria um histórico de conhecimento para decisões futuras. Com o tempo, esse hábito gera maturidade e autonomia para que a gestão de riscos não dependa exclusivamente da área centralizada.

Um outro fator decisivo para a integração da gestão de riscos à organização é o envolvimento da alta liderança. O tema deve estar presente nas reuniões estratégicas, no planejamento orçamentário, nas avaliações de desempenho e nos comitês decisórios. Um exemplo prático disso é a inclusão de uma apresentação trimestral sobre os principais riscos da empresa na pauta das reuniões de diretoria. Esse momento deve apresentar não apenas os riscos críticos, mas também o status das ações mitigadoras, os desvios nos indicadores de risco e as principais lições aprendidas no período. Isso demonstra que a liderança valoriza o tema e impulsiona as demais áreas a fazerem o mesmo.

Além disso, a gestão de riscos precisa estar presente na gestão de contratos e relacionamento com fornecedores. As empresas não podem assumir que os riscos acabam nos seus muros. O risco de um fornecedor não cumprir prazos, entregar produtos de má qualidade ou sofrer um ataque cibernético afeta diretamente a operação. Por isso, práticas como due diligence de fornecedores, cláusulas contratuais de responsabilidade por riscos, auditorias externas e monitoramento contínuo são fundamentais. A integração dos riscos da cadeia de suprimentos com os riscos internos é uma frente que muitas empresas ainda não exploram com profundidade, mas que pode prevenir danos relevantes.

Outro aspecto prático da integração é o alinhamento com a gestão de pessoas. As metas de risco devem estar incorporadas às avaliações de desempenho dos gestores. Por exemplo, um gerente de logística pode ter como meta manter o índice de perdas operacionais abaixo de um determinado percentual. Um coordenador de projetos pode ter como meta reduzir o número de não conformidades. Esses indicadores vinculados à performance ajudam a criar uma cultura de responsabilidade e engajamento com o tema. Além disso, treinamentos contínuos sobre como identificar, comunicar e tratar riscos devem ser parte do calendário corporativo anual.

A tecnologia novamente aparece como uma facilitadora nesse processo. Ferramentas de workflow, sistemas integrados, plataformas de gestão de riscos e inteligência artificial podem automatizar a coleta de dados, alertas de risco, controle de ações corretivas e análise preditiva. No entanto, é essencial que a tecnologia esteja a serviço da estratégia, e não o contrário. Um sistema sofisticado, mas desconectado da realidade do negócio, não será utilizado. Por isso, é importante envolver as áreas operacionais na escolha das ferramentas e garantir que a implementação seja simples e aderente à rotina.

Por fim, a integração da gestão de riscos à empresa deve ser vista como um processo contínuo e dinâmico. A cada mudança organizacional, lançamento de produto, nova legislação, avanço tecnológico ou mudança no mercado, os riscos também mudam. É preciso revisar periodicamente os riscos mapeados, os controles existentes e os indicadores utilizados. O aprendizado contínuo, aliado à melhoria dos processos, forma o ciclo virtuoso da gestão de riscos integrada.

 

Como integrar o gerenciamento de riscos com os demais setores e processos da empresa?

Integrar o gerenciamento de riscos aos setores e processos da empresa não é apenas uma boa prática — é um fator crítico de sucesso. Quando o gerenciamento de riscos atua de forma isolada, sem diálogo com outras áreas, ele se torna uma função burocrática e desconectada da realidade. Para que a gestão de riscos tenha impacto real no desempenho da organização, ela precisa estar presente em cada departamento, em cada tomada de decisão e nos fluxos operacionais do dia a dia. Isso exige uma abordagem prática, colaborativa e adaptada à cultura e ao porte da empresa.

O primeiro passo para essa integração é o reconhecimento de que cada área possui seus próprios riscos específicos. O setor de finanças lida com riscos de crédito, fraudes e inadimplência. O setor de recursos humanos enfrenta riscos trabalhistas, de segurança psicológica, rotatividade e processos judiciais. A área de tecnologia precisa controlar riscos de segurança da informação, falhas de sistema e indisponibilidade de serviços. Já as operações sofrem com riscos de acidentes, gargalos logísticos, falhas em equipamentos e não conformidades. A função do gestor de riscos é auxiliar cada área a identificar esses riscos, mapear os impactos, propor controles e acompanhar as respostas — sempre com a área sendo a principal responsável pelos seus próprios riscos.

Um ponto-chave na integração entre riscos e setores é a criação de interlocutores. Isso significa designar, em cada área, um ponto focal de riscos — alguém que represente a área nas discussões de riscos e que atue como ponte com a equipe central de gestão de riscos. Esse modelo de governança, muitas vezes chamado de “modelo de três linhas de defesa”, favorece a capilaridade do processo de gestão de riscos. Os interlocutores ajudam a levantar riscos, propor planos de ação, alimentar sistemas de controle e acompanhar indicadores. Na prática, eles promovem a cultura de risco dentro da sua própria área.

Para que isso funcione, esses interlocutores precisam ser capacitados. Não adianta apenas nomear a pessoa; é essencial treiná-la em conceitos básicos de riscos, ferramentas utilizadas (como matriz de riscos, planos de tratamento, indicadores-chave) e formas de reporte. É comum que esse grupo seja chamado periodicamente para reuniões conjuntas de atualização e alinhamento, onde compartilham boas práticas, discutem lições aprendidas e promovem o engajamento mútuo. A formação de uma rede de interlocutores é uma das formas mais eficazes de consolidar o gerenciamento de riscos como um elemento vivo e transversal.

Outro ponto fundamental é conectar o gerenciamento de riscos aos processos já existentes na empresa. Uma das formas mais eficazes de fazer isso é integrar riscos à gestão por processos. Cada vez mais empresas utilizam o mapeamento e a padronização de processos como base para melhorias operacionais. Nessa abordagem, os riscos são incorporados ao fluxograma do processo. A cada etapa mapeada, são identificados os riscos associados e os controles existentes ou necessários. Isso transforma o risco em parte da operação, e não em um elemento externo ou isolado.

Além disso, o gerenciamento de riscos deve estar integrado à tomada de decisão estratégica. Isso significa que qualquer projeto novo, investimento, expansão, mudança organizacional ou aquisição deve passar por uma análise de riscos. Essa análise permite que a alta gestão avalie os impactos e crie planos de mitigação antes mesmo da execução. Na prática, isso pode ser implementado com a exigência de que propostas estratégicas tragam uma seção obrigatória de análise de riscos, muitas vezes usando ferramentas como SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) ou uma matriz de riscos mais específica.

No dia a dia, integrar riscos aos setores também significa que reuniões de rotina devem abordar o tema. Por exemplo, nas reuniões de resultados mensais, cada gestor pode apresentar não só os indicadores de desempenho, mas também os riscos críticos sob sua responsabilidade e o andamento dos planos de mitigação. O simples fato de inserir o tema no roteiro de reuniões já sinaliza a importância da gestão de riscos e aumenta a conscientização dos gestores. Vale lembrar que, nesse processo, o apoio da alta direção é essencial — sem o exemplo e o incentivo dos líderes, a integração não se consolida.

Outra forma de integração extremamente prática é a inclusão do tema “risco” nos sistemas de gestão que a empresa já utiliza. Por exemplo, se a empresa já usa um sistema ERP para gerenciar processos, é possível criar campos ou módulos dedicados ao acompanhamento de riscos. Se utiliza ferramentas de BI (Business Intelligence), é possível construir dashboards com os principais indicadores de riscos e alertas automáticos. Isso facilita o acesso à informação e fortalece a conexão entre o planejamento, a execução e o controle de riscos.

Além dos sistemas, é importante revisar políticas internas e procedimentos para incluir diretrizes sobre riscos. Um manual de compras, por exemplo, pode passar a incluir regras sobre riscos de fornecedores — como exigência de certificações, análise de riscos financeiros ou cláusulas contratuais específicas. Uma política de viagens pode conter medidas de prevenção de riscos pessoais, financeiros e legais. Quando a gestão de riscos é incorporada nesses documentos, ela se torna parte da rotina e não uma exigência externa imposta.

Um desafio frequente na integração é o conflito entre agilidade e controle. Algumas áreas podem sentir que a gestão de riscos torna os processos mais lentos ou burocráticos. Para evitar isso, é necessário que a área de riscos atue como facilitadora, e não como fiscalizadora. Isso exige escuta ativa, empatia com as dificuldades das áreas e flexibilidade para adaptar ferramentas e metodologias à realidade local. Um modelo padronizado de gestão de riscos precisa ser simples, prático e aplicável no cotidiano — se for excessivamente técnico ou complexo, não será utilizado.

A comunicação também desempenha papel central na integração. A área de riscos deve comunicar de forma clara, didática e útil. Isso significa que os relatórios devem ser objetivos, os termos técnicos devem ser traduzidos para a linguagem do negócio e os resultados devem estar sempre ligados à tomada de decisão. Um bom exemplo é apresentar o risco não como uma abstração, mas como um impacto potencial: “Se este risco ocorrer, perderemos 15% da nossa capacidade de entrega nos próximos 3 meses”. Isso facilita o entendimento e o engajamento dos tomadores de decisão.

Por fim, a cultura organizacional precisa ser constantemente trabalhada para reforçar a gestão de riscos como valor. Isso pode ser feito por meio de campanhas internas, treinamentos curtos e frequentes, reconhecimento a boas práticas de mitigação, simulações e exercícios de crise. Quanto mais a cultura reforçar que risco não é sinônimo de problema, mas sim de consciência e preparo, mais as pessoas se sentirão confortáveis em levantar riscos, propor soluções e assumir corresponsabilidade pela gestão do negócio.

Integrar o gerenciamento de riscos aos setores e processos da empresa, portanto, é um trabalho contínuo e estratégico. Ele exige articulação, diálogo, conhecimento técnico, adaptação à realidade da empresa e, acima de tudo, presença constante. O objetivo não é criar um departamento que diga aos outros o que fazer, mas sim construir uma mentalidade organizacional onde cada pessoa compreende os riscos sob sua responsabilidade e age proativamente para prevenir perdas e garantir o sucesso sustentável da empresa.

 

Por fim, como monitorar, revisar e atualizar continuamente os riscos e controles em uma empresa?

A prática diária começa pela definição de uma rotina clara de acompanhamento. Isso significa que cada risco identificado deve ter um responsável, um indicador de monitoramento (quando aplicável), uma periodicidade de revisão e um plano de resposta atualizado. Esses elementos formam a espinha dorsal do acompanhamento. O responsável pelo risco — seja o gestor da área onde ele está inserido, seja um interlocutor designado — deve acompanhar sinais de que o risco está se aproximando, se concretizando ou se transformando. Por exemplo, um risco de inadimplência pode ser monitorado com um indicador de contas vencidas acima de 30 dias. Já um risco de rotatividade de pessoal pode ser acompanhado pela taxa de turnover mensal.

Uma prática eficiente é manter uma matriz de riscos viva e atualizada, acessível em formato digital. Essa matriz deve indicar o status atual de cada risco: se está sob controle, se está em crescimento, se ocorreu recentemente ou se os controles estão falhando. Ferramentas como semáforos (verde, amarelo, vermelho) ajudam a visualizar rapidamente os riscos prioritários. Além disso, cada plano de ação desenhado para mitigar riscos precisa ter marcos de execução com prazos e responsáveis definidos. Se o plano não está avançando, isso deve ser sinalizado e tratado.

A revisão dos riscos pode ser feita de maneira formal em ciclos trimestrais, semestrais ou anuais, a depender da criticidade e dinâmica da empresa. Nesse momento, são reavaliadas a probabilidade e o impacto de cada risco, levando em consideração mudanças no cenário interno e externo. Por exemplo, uma empresa que dependia de um único fornecedor internacional para um insumo crítico pode ter tido esse risco agravado após uma crise geopolítica. Da mesma forma, um risco antes considerado severo pode ter sido mitigado com sucesso após uma mudança de tecnologia. A matriz de riscos deve ser atualizada com essas informações, e os planos de ação ajustados conforme necessário.

É fundamental que a revisão de riscos esteja vinculada ao planejamento estratégico e à análise de desempenho da empresa. Quando a empresa define novas metas, inicia projetos ou altera seu modelo de negócios, surgem novos riscos — e outros deixam de existir. Por isso, toda mudança estratégica deve disparar uma revisão dos riscos. Por exemplo, ao decidir entrar em um novo mercado, a empresa deve mapear os riscos locais, regulatórios, culturais e de concorrência. Ao adquirir outra empresa, devem ser revistos os riscos financeiros, de integração, de sobreposição de funções e de imagem.

Outra ferramenta poderosa é o uso de auditorias internas para avaliar a efetividade dos controles. Muitas empresas têm áreas de auditoria que avaliam processos operacionais, financeiros e de compliance. Quando bem integradas à gestão de riscos, essas auditorias se tornam aliadas estratégicas. Elas identificam falhas em controles existentes, testam a eficácia de políticas e ajudam a verificar se os planos de mitigação estão sendo executados. Os relatórios de auditoria devem alimentar o sistema de gestão de riscos, com planos corretivos acompanhados e validados.

O uso da tecnologia é um facilitador importante nesse processo contínuo de monitoramento. Existem diversos sistemas de GRC (Governança, Riscos e Compliance) que permitem registrar riscos, controles, planos de ação e indicadores, além de gerar alertas automáticos, relatórios gerenciais e dashboards personalizados. Mesmo empresas menores podem utilizar planilhas bem estruturadas, combinadas com sistemas de gestão já existentes, como ERP ou plataformas de BI. O importante é garantir que a informação sobre riscos esteja centralizada, acessível, atualizada e alinhada com as necessidades da gestão.

Outro aspecto fundamental do monitoramento é a análise de eventos ocorridos. Sempre que um risco se materializa — ou seja, ocorre um incidente — deve ser feita uma análise de causa raiz. Essa análise vai além da consequência imediata e busca entender por que o controle falhou ou não existia. Esse processo é conhecido como “lições aprendidas” e deve resultar em ajustes nos controles, melhorias nos processos e até na reclassificação do risco. Não basta apenas registrar o ocorrido: é preciso aprender com ele. E esse aprendizado deve ser compartilhado entre as áreas, evitando a repetição de erros.

O papel da comunicação também é crítico. Os responsáveis pelos riscos devem manter a alta gestão informada sobre os principais riscos em evolução, os planos de ação em atraso, os controles com falhas e os resultados obtidos. Relatórios executivos, painéis de acompanhamento e reuniões periódicas ajudam a manter o tema na pauta da liderança. Quando a alta gestão acompanha os riscos de perto, o tema ganha relevância organizacional e os demais gestores também se sentem motivados a atuar com mais diligência.

Além disso, é preciso cultivar uma cultura organizacional que incentive a atualização constante dos riscos. Isso significa criar um ambiente em que os colaboradores sintam-se seguros para reportar riscos emergentes, comunicar falhas e propor melhorias nos controles. Em empresas com cultura punitiva ou burocrática, os riscos são escondidos ou subestimados. Já em ambientes abertos, colaborativos e voltados para a melhoria contínua, os riscos são discutidos com naturalidade e enfrentados de forma coletiva.

Uma boa prática nesse sentido é realizar reuniões de “clínica de riscos”, onde diferentes áreas se reúnem para discutir os riscos atuais, compartilhar boas práticas, revisar planos de ação e propor novas medidas preventivas. Essas clínicas podem ser mensais ou trimestrais, e funcionam como espaços de alinhamento e aprendizado. Outra ideia eficaz é a criação de comitês de riscos multidisciplinares, que envolvem áreas como operações, jurídico, compliance, tecnologia, recursos humanos e finanças, com foco em revisar continuamente os riscos críticos.

Também é importante ter critérios objetivos para encerrar, reclassificar ou adicionar riscos. Um risco pode ser encerrado se os controles se mostrarem eficazes por um período sustentado, se o cenário que gerava o risco deixar de existir, ou se a exposição da empresa for eliminada. Novos riscos podem ser adicionados a qualquer momento, desde que haja evidências de sua relevância. Já a reclassificação pode ocorrer quando o risco aumenta ou diminui em termos de impacto ou probabilidade, à luz de novos dados.

Por fim, o ciclo de vida do risco deve ser documentado de forma consistente. Isso inclui o registro da data de identificação, classificação inicial, controles associados, responsáveis, indicadores de acompanhamento, atualizações realizadas, planos de ação e status atual. Essa documentação é essencial tanto para fins de governança quanto para responder a questionamentos de auditorias, órgãos reguladores ou parceiros estratégicos.

Monitorar, revisar e atualizar riscos e controles não é um processo isolado — é uma prática contínua que se entrelaça com a rotina de gestão da empresa. Quando bem executado, esse acompanhamento permite à organização se antecipar a problemas, fortalecer sua resiliência, tomar decisões mais informadas e construir uma cultura sólida de prevenção. O gerenciamento de riscos não deve ser visto como um fim em si mesmo, mas como um meio eficaz de proteger ativos, impulsionar resultados e garantir a sustentabilidade do negócio em um ambiente cada vez mais volátil.

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